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SÍTIO BURLE MARX RECEBE TÍTULO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA HUMANIDADE

Por Conteúdo_ – 29/07/2021

“Deus, para mim, é a natureza.”
 
                    Roberto Burle Marx
 
 
 

Esta frase traduz o pensamento e o modo de estar no mundo de Roberto Burle Marx, que viveu em estreita ligação com a natureza.

Roberto Burle Marx (1909-1994) é um dos principais paisagistas do século XX, reconhecido nacional e internacionalmente. Segundo a sua concepção inovadora de paisagismo, foi o criador do jardim tropical moderno, propondo diálogo entre a botânica tropical e a modernidade urbana, numa relação de continuidade entre os sistemas naturais e estéticos. Para ele os jardins são elementos integrados à vida social e urbana.

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Seus jardins tropicais resgataram espécies botânicas e trouxeram plantas até então desconhecidas do grande público, num esforço expedicionário pelos rincões do Brasil e do mundo e de catalogação de novos espécimes, dos quais vários levam em sua denominação científica o nome de Burle Marx.
Sua trajetória no campo paisagístico começou cedo. Já em 1914, na casa da família no Rio de Janeiro, quando criança, Roberto teve suas primeiras experiências no jardim da família, recém-chegada de São Paulo.

O mais eloquente testemunho dessa ligação é o Sítio Roberto Burle Marx, um lugar único, em que cultura e natureza se entrelaçam. Só ele reúne um dos mais importantes acervos de plantas vivas do mundo num ambiente que sintetiza a vida e o espírito criativo desse grande artista e paisagista.

Situada na Barra de Guaratiba, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, a propriedade em que Burle Marx morou e produziu em seus últimos vinte anos de vida foi – e continua sendo – um grande laboratório de experimentações: mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais, organizadas em viveiros e jardins, convivem em harmonia com a vegetação nativa numa área de 405 mil metros quadrados, que inclui várias edificações, lagos, jardins, coleções de arte e uma vasta biblioteca.

Desde 1985 o Sítio é uma unidade especial vinculada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), cumprindo o papel de preservar, pesquisar e divulgar a vida e a obra de Roberto Burle Marx.

O atual Sítio Roberto Burle Marx chamava-se, originalmente, Fazenda ou Engenho da Bica, pois as fontes de água existentes na parte mais alta do terreno eram canalizadas e serviam a população local por meio de uma bica próxima à estrada. A partir de 1681, com a construção da capela dedicada a Santo Antônio, passou a ser conhecido como Engenho Santo Antônio da Bica e, posteriormente, Sítio Santo Antônio da Bica.

Em 1949, Roberto e seu irmão Guilherme Siegfried Burle Marx compraram o primeiro terreno que hoje integra o Sítio Roberto Burle Marx, após uma longa busca por espaços que unissem boa diversidade de solos adequados, com rochas expostas, água abundante, e cujo entorno ficasse a salvo da especulação imobiliária. O local chama a atenção por sua vegetação nativa, formada especialmente por manguezal, restinga e Mata Atlântica, preservada pelo Parque Estadual da Pedra Branca.

Em 1952 e 1960 os irmãos compraram e anexaram à propriedade inicial sucessivos terrenos vizinhos. Ao mesmo tempo, foram realizando as intervenções necessárias para transformá-la no laboratório pretendido por Roberto, com a instalação de infraestrutura, edificações, viveiros de plantas e áreas ajardinadas.

Em 1985, Burle Marx doou o sítio ao governo federal, com o objetivo de assegurar a continuidade das pesquisas, a disseminação do conhecimento adquirido e o compartilhamento daquele espaço singular com a sociedade.

Com a morte de Roberto Burle Marx em 1994, o sítio passou a ser gerido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O imóvel foi tombado pelos órgãos do patrimônio cultural do estado do Rio de Janeiro (1988) e da União (2000) e, ontem dia 27/07/2021 recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

A aprovação da candidatura brasileira se deu na 44ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, realizada na cidade chinesa de Fuzhou, mas de maneira virtual, e se tornou a 23ª inclusão do país na lista.

O Sítio Burle Marx conta com mais de 405 mil metros quadrados de área florestal e uma coleção de mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais. Além de jardins e viveiros, o local, onde o paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) viveu desde 1973 até sua morte, possui seis lagos e sete edifícios que recebem cerca de 30 mil visitantes por ano.

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