Por Conteúdo_ – 17/03/2022
O Prêmio Pritzker, criado em 1979 por Jay A. Pritzker e sua esposa Cindy, é concedido anualmente para “homenagear um ou mais arquitetos vivos, cujo trabalho demonstra uma combinação de qualidades, como talento, visão e compromisso, e que produziu contribuições consistentes e significativas para a humanidade e o ambiente construído por meio da arte da arquitetura”. É considerado um dos maiores prêmios internacionais de arquitetura e é frequentemente referido como o Prêmio Nobel de Arquitetura.
O vencedor de 2022 divulgado ontem é o arquiteto e educador e ativista social Diébédo Francis Kéré.
Francis Kéré (n. Diébédo Francis Kéré, 1965) nasceu em Burkina Faso – uma das nações menos educadas e mais pobres do mundo, uma terra sem água potável, eletricidade e infraestrutura, muito menos arquitetura.
“Eu cresci em uma comunidade onde não havia jardim de infância, mas onde a comunidade era sua família. Todos cuidaram de você e a vila inteira foi seu playground. Meus dias eram preenchidos com a garantia de comida e água, mas também simplesmente de estarmos juntos, conversando juntos, construindo casas juntos. Lembro-me do quarto onde minha avó se sentava e contava histórias com um pouco de luz, enquanto nos aconchegávamos e sua voz dentro do quarto nos envolvia, convocando-nos a chegar mais perto e formar um lugar seguro. Este foi o meu primeiro sentido de arquitetura.”
Primeiro profissional negro a receber o prêmio, ele é conhecido por construir obras contemporâneas em comunidades de extrema escassez. Francis Kéré foi reconhecido por seus desenhos pioneiros que priorizam a sustentabilidade da Terra, com o uso de materiais locais, e que transformam a vida dos habitantes de comunidades humildes.
“Por meio de edifícios que demonstram beleza, modéstia, ousadia e invenção, e pela integridade de sua arquitetura e gesto, Kéré defende graciosamente a missão deste Prêmio. Uma expressão poética de luz é consistente em toda a obra de Kéré. Os raios de sol se infiltram em edifícios, pátios e espaços intermediários, superando as duras condições do meio-dia para oferecer locais de serenidade ou encontro”, diz o comunicado oficial do Prêmio Pritzker.
Veja algumas destas obras incríveis!
Para ver sobre o Prêmio Pritzker 2021, clique aqui!
Por Conteúdo_ – 24/03/2021
O Pritzker, prêmio de arquitetura mais prestígiado do mundo, foi concedido à dupla francesa Jean-Philippe Vassal e Anne Lacaton, criadores de espaços acessíveis e ecológicos que priorizam o bem-estar familiar. O anúncio foi feito na manhã do dia 16/03/2021, em Chicago, pelo presidente da Fundação Hyatt, Tom Pritzker, que financia a premiação há décadas.
Vassal, de 67 anos, e Lacaton, 65, que também são um casal, foram premiados pela transformação de casas urbanas em espaços sustentáveis e muito agradáveis com um baixo orçamento. Os projetos do casal costumam apostar em materiais simples e de catálogos de lojas de materiais de construção francesa.
O casal que já é internacionalmente reverenciado pelos projetos de habitação social, de espaços públicos generosos, de instituições de ensino e de planejamento urbano, sempre partindo de estruturas pré-existentes, venceu o prêmio de 2021, porque segundo o júri, que inclui o diplomata e crítico de arquitetura brasileiro André Corrêa do Lago, Lacaton e Vassal “não apenas renovam o legado do modernismo, como propõem uma definição reajustada da própria profissão da arquitetura; os sonhos e esperanças modernistas de melhorar a vida de muitos ganham fôlego novo por meio de suas obras, que também respondem às emergências climáticas e ecológicas de nosso tempo.”
A dupla diz que se inspira na arquitetura dos países africanos para suas casas espaçosas e acessíveis e são a favor de transformar e melhorar as casas existentes em um ambiente urbano, em vez de substituir edifícios antigos por novos.
“É tão violento, tão horrível ter vivido em um lugar por 10 anos e de repente ver desaparecer uma casa onde morava um amigo, um vizinho”, disse Vassal.
Em Bordeaux na França, em colaboração com Frederic Druot, Lacaton e Vassal aumentaram a área de superfície e melhoraram o conforto dos apartamentos de um conjunto de 100 unidades habitacionais, removendo a fachada de concreto original e adicionando extensões aquecidas, estufas e varandas bioclimáticas.
Segundo eles, além de ser funcional, habitar deve transmitir prazer, generosidade, liberdade para ocupar um espaço. As moradias devem oferecer liberdades de uso, para gerar possibilidades de evolução, de interpretação e apropriação, proporcionando tanto espaço extra quanto espaço programado, livre de uso, para promover relações, para concretizar situações de prazer.
Cada habitação deve ter um espaço externo privativo, como uma varanda, um terraço, um jardim de inverno, para permitir a possibilidade de viver no exterior, de se movimentar, de estar dentro-fora. Qualquer habitação deve ter as mesmas qualidades de uma “villa”.
A dupla não aplica sua visão apenas a residências: a renovação do Palais de Tokyo, concluída em 2012, transformou o museu parisiense em um enorme espaço de arte contemporânea.
Depois de um restauro quase uma década, o espaço do museu cresceu 20 mil m², em parte pela criação de áreas subterrâneas, e pela garantia de que cada espaço valoriza a experiência do visitante. Eles aposentaram os cubos brancos tão característicos em galerias e museus de arte contemporânea, e investiram em espaços com uma estética inacabada.
E por tudo o que já fizeram e ainda irão fazer, por acreditarem que a arquitetura é mais do que apenas edifícios, por mostrarem que a arquitetura pode ser humilde e sempre respeitosa e responsável, eles foram o vencedores deste prêmio tão honrado e importante.