Por Conteúdo_ – 24/03/2021
O Pritzker, prêmio de arquitetura mais prestígiado do mundo, foi concedido à dupla francesa Jean-Philippe Vassal e Anne Lacaton, criadores de espaços acessíveis e ecológicos que priorizam o bem-estar familiar. O anúncio foi feito na manhã do dia 16/03/2021, em Chicago, pelo presidente da Fundação Hyatt, Tom Pritzker, que financia a premiação há décadas.
Vassal, de 67 anos, e Lacaton, 65, que também são um casal, foram premiados pela transformação de casas urbanas em espaços sustentáveis e muito agradáveis com um baixo orçamento. Os projetos do casal costumam apostar em materiais simples e de catálogos de lojas de materiais de construção francesa.
O casal que já é internacionalmente reverenciado pelos projetos de habitação social, de espaços públicos generosos, de instituições de ensino e de planejamento urbano, sempre partindo de estruturas pré-existentes, venceu o prêmio de 2021, porque segundo o júri, que inclui o diplomata e crítico de arquitetura brasileiro André Corrêa do Lago, Lacaton e Vassal “não apenas renovam o legado do modernismo, como propõem uma definição reajustada da própria profissão da arquitetura; os sonhos e esperanças modernistas de melhorar a vida de muitos ganham fôlego novo por meio de suas obras, que também respondem às emergências climáticas e ecológicas de nosso tempo.”
A dupla diz que se inspira na arquitetura dos países africanos para suas casas espaçosas e acessíveis e são a favor de transformar e melhorar as casas existentes em um ambiente urbano, em vez de substituir edifícios antigos por novos.
“É tão violento, tão horrível ter vivido em um lugar por 10 anos e de repente ver desaparecer uma casa onde morava um amigo, um vizinho”, disse Vassal.
Em Bordeaux na França, em colaboração com Frederic Druot, Lacaton e Vassal aumentaram a área de superfície e melhoraram o conforto dos apartamentos de um conjunto de 100 unidades habitacionais, removendo a fachada de concreto original e adicionando extensões aquecidas, estufas e varandas bioclimáticas.
Segundo eles, além de ser funcional, habitar deve transmitir prazer, generosidade, liberdade para ocupar um espaço. As moradias devem oferecer liberdades de uso, para gerar possibilidades de evolução, de interpretação e apropriação, proporcionando tanto espaço extra quanto espaço programado, livre de uso, para promover relações, para concretizar situações de prazer.
Cada habitação deve ter um espaço externo privativo, como uma varanda, um terraço, um jardim de inverno, para permitir a possibilidade de viver no exterior, de se movimentar, de estar dentro-fora. Qualquer habitação deve ter as mesmas qualidades de uma “villa”.
A dupla não aplica sua visão apenas a residências: a renovação do Palais de Tokyo, concluída em 2012, transformou o museu parisiense em um enorme espaço de arte contemporânea.
Depois de um restauro quase uma década, o espaço do museu cresceu 20 mil m², em parte pela criação de áreas subterrâneas, e pela garantia de que cada espaço valoriza a experiência do visitante. Eles aposentaram os cubos brancos tão característicos em galerias e museus de arte contemporânea, e investiram em espaços com uma estética inacabada.
E por tudo o que já fizeram e ainda irão fazer, por acreditarem que a arquitetura é mais do que apenas edifícios, por mostrarem que a arquitetura pode ser humilde e sempre respeitosa e responsável, eles foram o vencedores deste prêmio tão honrado e importante.