Bokel tem alguns trabalhos no acervo do MAM, museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e do MAR museu de arte do Rio.
Em 2015 foi um dos indicados ao prêmio PIPA. Atualmente é representado pela galeria Mercedes Viegas, no Rio de Janeiro, e galeria Matias Brotas em Vitória.
Em visita ao seu atelier no bairro do Rio Comprido, no Rio de Janeiro, registramos nossa conversa com exclusividade para essa coluna:
NL – Na apresentação de seu livro VER, lançado pela Réptil Editora no final de 2016, Vanda Klabin escreve ao te apresentar que você trabalha com a “corrosão do conceito de arte”. Você poderia explanar esse processo?
AB – Acho que corrosão pode significar a desconstrução, um olhar questionador e inquieto, gosto de desafiar os rótulos e conceitos pré-determinados, é uma forma de me manter livre e com autonomia no que faço e gosto de fazer.
NL – A poesia está presente na sua arte. Como você faz essa “escolha” na hora de criar um quadro? Existe a relação entre a palavra e a imagem?
AB – Sempre gostei de usar palavras enquanto pintava, acho que é uma forma potente de acessar o subconsciente. Depois entrei em contato com o movimento da poesia concreta – Augusto dos Campos – e isso abriu mundos para mim: acho que a palavra é uma imagem e a imagem se traduz em palavras. Tudo está conectado numa mesma raiz: a criação ou a energia transformadas em matéria em linguagens diferentes.
NL – Na sua obra nota-se o fascínio pela geometria. Como você definiria seu trabalho?
AB – Entrei com a geometria em meu trabalho em 2014 para contrapor o gestual e a pintura visceral mais intuitiva. Comecei a olhar para o movimento concreto brasileiro e isso me influenciou. Quis também me desafiar e criar uma fricção entre um lado racional e outro intuitivo, para chegar a um equilíbrio.
NL – Você trabalha com diferentes técnicas além da pintura: escultura, instalações, desenhos, colagens, fotografias e vídeos. Essas criações acontecem simultaneamente, ou você tem fases diferenciadas?
AB – Isso acontece naturalmente. Acho que as ferramentas estão aí e a fonte que é a criação se manifesta em todas elas. Gosto de usar todas as mídias que estão disponíveis porque isso enriquece o trabalho. Arte não tem fronteiras ou limitações: é um vasto mundo a ser explorado. É infinito!!!
NL – O que você falaria sobre “Antonio Bokel”?
AB – Sou um viajante.
Quem veio primeiro: o “ovo” ou a “vírgula”?
Por trás da marca, já consolidada há 25 anos pelo seu design leve, funcional e atemporal estão os designers Gerson de Oliveira e Luciana Martins, com quem me reuni para elaboração dessa pauta no novo espaço inaugurado em abri de 2015 no bairro dos Jardins em São Paulo. O imóvel já existia, mas uma série de ajustes foram adotados para assegurar a identidade da marca: espaço amplo, pé direito alto, luz natural. Com vocês, os mentores da Vírgula Ovo:
NL – Não poderíamos iniciar essa conversa sem a pergunta mais previsível: de onde veio o nome “Vírgula Ovo”?
VO – Claro Newton! É bastante comum que as pessoas perguntem de onde veio esse nome. Na verdade, alude a várias ideias pertinentes ao conceito do nosso trabalho:
– Vírgula: reflete os anos de trabalho e expertise. Completamos 25 anos no final de 2016. O nome “Ovo” surgiu em 2002 quando estávamos com 19 anos de trajetória.
– Ovo: origem, vida, criação, forma geométrica perfeitamente irregular, humor numa ampla gama de significados.
NL – Funcionalidade e versatilidade. É complicado manter o nível de criatividade após 25 anos de atuação no mercado?
VO – Esses são os nossos valores e ambicionamos ter ambos. Uma das nossas peças mais antigas – a Poltrona Cade (1995) – foi bastante premiada e segue em linha como ícone da marca. A empresa se mantém constantemente em criação e desenvolvimento – hoje muito mais que no passado: criamos em média de 9 a 10 peças novas por ano, e no decorrer de 2017 lançamos o desafio de termos 18 novos produtos. Uma de nossas características é a modularidade, que leva naturalmente a versatilidade possibilitando mudanças e adaptações.
NL – Influências no modernismo e cubismo. Onde tangem as linhas de identidade e influência?
VO – O processo que adotamos como rotina de trabalho toma grande parte do nosso tempo. Desde a criação, passamos por um leque de croquis, desenhos, esquetes e ideias que se modificam conforme amadurecemos o conceito. Temos um outro diferencial que seria a aplicação de materiais alternativos em técnicas distintas. Voltando a sua pergunta, somos influenciados pelos melhores na criação de partidos inéditos.
NL – Qual variável é observada no processo de criação de um novo produto, partindo do ponto de vista do seu cliente final?
VO – Questões comerciais são consequenciais e não servem de parâmetro para novos desenvolvimentos. Buscamos viabilidade.
NL – Nessa trajetória vocês ganham destaque na área corporativa. Isso foi planejado ou houve uma identificação natural por parte do mercado?
VO – O fato de atuarmos junto a instituições e fundações abriu o nosso leque de visibilidade, a exemplo de projetos na Pinacoteca do Estado, Café da Bienal e biblioteca da Sinagoga. Nosso desenho busca atender toda e qualquer necessidade – veja o sofá “Campo” (2004) – muito utilizado por diversas empresas, assim como o “Pedras”. Batalhamos fortemente pela fidelização do cliente, que seja corporativo ou não.
Grande parte dos insumos são de origem nacional, salvo alguns tecidos importados. A Vírgula Ovo emprega 18 funcionários, optando por manter uma única loja como show room, com entregas para qualquer localidade. Sua produção ocorre nas instalações de fornecedores homologados, os quais passam periodicamente por um robusto sistema de controle de qualidade.
NL – Para fecharmos, foi preciso alguma estratégia especial para driblar essa crise atual? VO – Sinceramente não modificamos absolutamente nada em nossas rotinas. Prezamos muito por uma atenção especial junto ao cliente – entendemos que o momento atual não esta fácil, mas já tínhamos um bom sistema de pós-venda. Assim como nossos produtos, somos flexíveis e nos adaptamos a qualquer situação. A Vírgula Ovo é democrática.
Ficamos por aqui! Até a próxima!