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Ao sair, apague a luz!

Ao sair, apague a luz!

Ilustração: Claudia Liz

Bom dia! O que antes era uma mera questão de consciência, hoje segue encabeçando nossa planilha de orçamentos domésticos: a conta de luz. Nem sempre tivemos razão para refletir sobre o processo e custos de produção da energia elétrica, mas após sucessivas ameaças de racionamento fomos conduzidos não só a entender como a estabelecer limites severos nas rotinas diárias.
E vale relembrar o desconforto vivenciado com a crise hídrica, onde nos habituamos quase que instantaneamente com termos do tipo “volume morto” e “sistema Cantareira”. Gráficos e cores nas contas de luz, planos de incentivo e multas por excesso vem moldando nosso modelo de consumo, mas será que estamos criando juízo na origem do entendimento ou seguimos simplesmente com receio das despesas no final do mês?

Projeto Ipanema com luminária de teto “Birdie” do designer Ingo Maurer / Foto: Denilson Machado

A iluminação correta transforma qualquer ambiente

Ela é responsável pela nossa primeira impressão sobre um espaço, trazendo também a sensação de conforto visual. Definir um projeto de iluminação está diretamente relacionado a proposta do ambiente considerando que apenas com luzes diferentes uma mesma sala pode ganhar um tom intimista, romântico, alegre e agregador. Por outro lado, erros podem ser comprometedores: um local mal iluminado se tornará frio, insosso e impessoal por não ter suas características valorizadas.
Para facilitar o entendimento, destaco os tipos mais comuns de pontos de luz:
– Difuso: luz que não incide num único foco direto e que visa iluminar o ambiente como um todo, por exemplo, pontos de luz no teto;
– Indireto: luz restrita, que compõe a decoração do ambiente com pequenos focos de luz (bocais, abajures, luminárias de piso);
– Dirigido: luz proveniente de uma direção única, e que geralmente ilumina um objeto especifico (spots, arandelas, pendentes).

Projeto MaxHaus com Luminária de teto “Poppy” da Serien Lighting / Foto: Paulo Brenta

A luz adequada para cada cômodo

Hall
Aqui está a primeira impressão – a atmosfera deve ser convidativa, então pontos de luz difusos exercerão um papel correto nesse caso.
Tipo de luz: quente/amarela

Sala de estar
É o onde as pessoas recebem e passam a maior parte do tempo, então a luz deve ser confortável aos olhos e, ao mesmo tempo, possibilitar conversas e entretenimento com a TV, se for o caso. As luzes podem ser focadas nas áreas de leitura ou lazer; spots no teto ou arandelas na parede poderão destacar os quadros. Abajures nas mesas laterais valorizam objetos de decoração e dão um tom intimista.
Tipo de luz: quente/amarela

Sala de jantar
Muito embora o projeto deva contemplar a sala inteira, o foco da iluminação está na mesa. Pendentes são muito comuns nesses casos, e o uso de um dimmer (aparelho que regula a intensidade da luz) vai assegurar o tom desejado a cada ocasião, desde jantares românticos com luz baixa, até um encontro de amigos, com intensidade maior.
Tipo de luz: quente/amarela

Cozinha
Como se trata de um ambiente de atividade intensa, a iluminação deve ser bem clara, até para evitar acidentes. O ideal é instalar pontos difusos ao longo do layout com luminárias apropriadas.
Tipo de luz: fria/branca

Escritório, banheiro e área de serviço
Vale a mesma regra da cozinha. Luzes fracas causam sonolência, então pontos de iluminação forte são mandatórios, mas considere lâmpadas fluorescentes e led que aquecem menos.
Tipo de luz: fria/branca

Quarto
Aqui a iluminação deve ser mais confortável. Considere um ponto central abrangente e pontos indiretos auxiliares por meio de arandelas na parede ou abajures nas mesas laterais da cama para leitura.
Tipo de luz: quente/amarela

Projeto Jardins I, Luminária de teto “Zettel’z” do designer Ingo Maurer / Foto: Evelyn Muller

Papo com pessoas de luz!

Com frequência costumo dar um giro pelas principais lojas no intuito de avaliar as novidades e tendências. Nessa empreitada, não pude deixar de passar por um lugar de referência absoluta quando pensamos em castiçais, lustres e candelabros desenhados e esculpidos a partir do mais puro cristal: a PASSADO COMPOSTO. E lá me encontrei com quem sempre me recebe carinhosamente de braços abertos e a quem não poupo elogios: Cida Santana!

NL – Cida, além de iluminação, a PASSADO COMPOSTO também é um antiquário referencial para os arquitetos e decoradores. Qual estilo você segue?
CS – Estou há 30 anos no mercado, e posso assegurar que somos especializados em artes decorativas no estilo neoclássico. Iniciei como antiquaria focada em peças europeias e então fui introduzindo meus lustres, abajures, castiçais e arandelas no portfólio – todos desenhados e desenvolvidos por mim a partir de cristais e muranos, mas com grande enfoque nas pedras semipreciosas brasileiras. Tamanha foi a visibilidade que nos últimos anos tenho me dedicado a redes hoteleiras como o Park Hyatt de Buenos Aires. Já exportamos para diversos destinos, e no Brasil fomos pioneiros no projeto da joalheria Vancleef. Temos muita história para contar ao longo de tantos anos e parcerias.

NL – E como é o seu processo de obtenção das matérias primas e beneficiamento até a montagem final das peças?
CS – Na verdade meus projetos não contemplam nenhum tipo de beneficiamento das pedras – trabalho com cristais puríssimos, brutos mesmo, da forma como são extraídos das minas. São formas naturais facetadas pela natureza, e por isso originais e exclusivas. Nossos fornecedores são devidamente certificados, e todas as peças produzidas são autenticadas por um gemólogo – Rafael Lupo Medina – nosso parceiro há diversos anos.
É um processo essencialmente artesanal – no intuito de completar o desenho na sua forma original a concepção de um lustre pode chegar a 1 ano. Outras peças também produzidas por mim como abajures e arandelas no estilo clássico revisitado, por vezes contemporâneo, são reedições autênticas das peças originais datadas dos anos 40 a 60.

NL – Existe algo que você não abre mão no seu processo criativo?
CS – Todas as minhas criações trazem associações com elementos naturais, mandatoriamente.

A fundadora da Passado Composto - Cida Santana - apresenta alguma de suas criações

Prova de que nossa coluna é democrática, sairemos agora do mais alto padrão clássico para o que há de mais exclusivo na representação de grandes designers mundialmente premiados. Visitei a nova loja da FAS Iluminação, num projeto concebido por ninguém menos que o designer alemão Ingo Maurer. Mas quem comanda esse empreendimento é Arystela Rosa, com quem tive o privilégio de conversar e então compartilhar com vocês:

NL – Arystela, a FAS representa com exclusividade diversas marcas. De onde veio essa curadoria?
AR – Comecei muito cedo com uma loja de móveis, onde também seguia com representação de marcas exclusivas. Com o passar do tempo, inclui algumas luminárias e segui com uma pequena coleção do Ingo Maurer. Em 2005 tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente numa feira na Alemanha, e a partir daquele momento redirecionei o meu foco com exclusividade na iluminação.

NL – E foi essa admiração que tornou possível o acesso dessas verdadeiras obras de arte no mercado local. Vocês também representam outras marcas?
AR – Sim, temos diversos itens da Serien Lighting, Next, Classicon e Oty Light. Já com o Ingo seguimos com sua coleção completa numa espécie de acervo que conta toda a sua trajetória. Alguns são numerados, outros exclusivos, mas todos estão a venda. Outras marcas vieram pela necessidade de se compor um projeto completo – os itens do Ingo são bastante diferenciados e merecem um destaque especial.

NL – E qual é o seu maior desafio nesse cenário de instabilidade no mercado atual?
AR – Do ponto de vista de estoque local, focamos em apenas 4 marcas – Ingo, Serien, Next e Oty. Consideramos o prazo de importação em torno de 3 meses para reposição de estoque mínimo com base no giro dessas peças, de forma a termos condição de atender a pronta entrega sempre que possível. Trabalho com uma margem justa, já considerando a carga tributária envolvida. Invisto todo o meu tempo e energia nesse negócio, construído a partir da paixão e fascínio que tenho por tudo o que está aqui. Prezo muito por esse espaço e pela possibilidade de apresentar a todos algo que admiro profundamente. Somos uma loja acessível, temos itens de valor bastante competitivo e estamos sempre abertos a negociações.

Luminárias de Ingo Maurer: “Lucellino” / “Johnny B.Butterfly” / “Bulb” numa edição especial de 50 anos de criação da peça original / Aystela Rosa, proprietária da FAS.

Se liga!

– Para economizar energia e tornar o ambiente mais harmonioso, o ideal é pintá-lo em cores claras. Evite pintar muitas paredes e teto com cores escuras, pois isso exige mais luz para compensar, podendo elevar o consumo de energia devido ao acumulo de calor.
Mas nada impede o uso de uma única parede colorida, ou aplicação de papéis de parede e revestimentos diversos. Existem no mercado tintas de cor branca que refletem mais a luz, e por isso são ideais para teto.

– Para melhor difusão da luz considere o teto branco e paredes num tom “off-white” (tons de branco levemente pigmentados). Nos rodapés e portas, branco.

– A iluminação incorreta pode causar ofuscamento, ou redução na capacidade de distinguir detalhes e objetos. Isso ocorre quando a luz é mal distribuída no ambiente e apresenta contrastes excessivos. Atenção na escolha dos tipos de lâmpada e respectivas potências!

– Lâmpadas fluorescentes estão dominando o mercado. Antes utilizadas apenas em escritórios, tomaram forma e design para adequação em todos os bocais e para todas as situações. Aqui o consumo é bem menor. Avalie.

– Valorize a luz natural substituindo as cortinas de tecido pesado por tecidos mais leves, fluidos e cm alguma transparência. Se o ambiente possui pé direito alto (distância do teto ao piso) instale as cortinas bem acima do umbral, para valorizar a altura do espaço.
• Pé direito regular: 2,60 m.

– O mercado dispõe de vários modelos de persianas translúcidas com filtro solar na sua composição – considere esse atributo onde há forte incidência de luz solar, a qual poderá danificar superfícies ou mesmo alterar a cor de objetos e livros com o passar do tempo.

Fico por aqui, até a próxima!